domingo, 12 de fevereiro de 2012

A velha e a nova natureza


A velha natureza não deixa de existir quando nos convertemos a Cristo. Ao nascermos de novo, a vida de Deus é liberada em nosso espírito e temos o poder de manter a carne sob domínio. Mas há uma luta constante entre a velha e a nova natureza.


O NOVO NASCIMENTO
Jesus certa vez teve uma conversa com um doutor da Lei chamado Nicodemos, um homem de padrão moral e vida religiosa invejável. O Senhor o surpreendeu com uma afirmação: “Em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (Jo 3:3). Se Jesus tivesse dito isto a Maria Madalena (que foi uma endemoninhada) ou a Zaqueu (um publicano trapaceiro), poderíamos pensar que eram pessoas de vida tão irregular que necessitavam de uma mudança radical. Entretanto Jesus disse isso a um homem admirável, deixando claro que todos precisam de uma nova vida.

1. DEFINIÇÃO DE NOVO NASCIMENTO – Quando Nicodemos ouviu isso, ficou confuso. Tentou entender sob uma perspectiva natural e perguntou: “Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez?” (Jo 3:4). Mas Jesus não estava falando de reencarnação ou coisa parecida. Estava falando de um nascimento espiritual. Por isso, lhe disse: “Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito” (Jo 3:5,6).

2. A DINÂMICA DO NOVO NASCIMENTO – O novo nascimento ocorre quando nos arrependemos, cremos em Cristo e lhe entregamos nossas vidas. Imediatamente o Espírito Santo, que é Deus, vem habitar em nós e nos regenera (Tt 3:5), fazendo com que o nosso espírito que estava separado, morto (Ef 2:1,5), seja vivificado. Trata-se de um ato divino (o homem não pode produzi-lo por si mesmo) e espiritual (não é físico, mas interior), através do qual somos regenerados no espírito para uma nova vida.

A VELHA NATUREZA
Antes de nascermos de novo, vivemos sob a natureza herdada de Adão. A Bíblia a chama também de “carne” ou “velho homem”. Éramos governados por ela e por isso servíamos ao pecado (Ef 2:3). Paulo faz uma descrição bastante apropriada desta velha natureza em Ef 4:17-21. Ela é marcada pela vaidade dos pensamentos, falta de entendimento espiritual, alienação da vida de Deus, dureza de coração, dissolução (confusão) e compulsão pelo pecado. Na nossa carne não habita bem algum (Rm 7:18). Ela não se sujeita à lei de Deus e nem pode sujeitar-se porque está corrompida (Rm 8:7,8). Suas obras são “prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas” (Gl 5:19-21).

1. A NOVA VIDA EM CRISTO – Quando nascemos de novo, somos introduzidos numa nova vida. Uma espécie de “metamorfose” acontece em nosso interior (II Co 5:17) e somos liberados do poder do pecado para viver segundo Deus (Rm 6:22). Isso não significa que nos tornamos perfeitos ou impecáveis, mas que não estamos mais debaixo do domínio do pecado como antes. A presença do Espírito Santo em nosso interior libera virtudes que não tínhamos e nos conduz num processo de santificação pelo qual vamos sendo transformados mais e mais na imagem de Cristo (II Co 3:18).

2. AS MARCAS DA NOVA VIDA – Uma pessoa que nasceu de novo traz evidências disso em seu comportamento. Embora o novo nascimento não produza perfeição automática na vida do homem, ele deflagra mudanças importantes e perceptíveis.

Sensibilidade – A nova criatura em Cristo recebe um coração sensível à vontade e à presença de Deus (Ez 11:19; 36:26). A comunhão com Deus é restabelecida e o homem passa a relacionar-se com Ele de maneira real.

Entendimento espiritual - Antes vivíamos sem entendimento das coisas espirituais (I Co 2:14). Satanás havia cegado a nossa mente (II Co 4:4) para não compreendermos o evangelho. Quando nascemos de novo, esse véu é tirado e somos liberados para discernir as verdades espirituais (I Co 2:9-12).

Obediência – A nova vida é uma vida de obediência ao Senhor. Aquele que professa fé em Cristo, mas não busca submeter-se à sua Palavra, não nasceu de novo, pois tem uma fé morta, ineficaz (Ef 3:26; Lc 6:46). Na verdade, a presença do Espírito Santo na vida do crente provoca nele uma rejeição pelo pecado. É uma questão de natureza. Assim como uma ovelha não se sentirá à vontade no meio da lama, aquele que se tornou participante da natureza divina (II Pe 1:4) não se sente bem na prática ou no ambiente do pecado.

– O justo vive pela sua fé (Gl 3:11). Isso quer dizer que a vida do verdadeiro cristão não se baseia nas coisas visíveis, mas na Palavra de Deus, nas verdades espirituais. Poderíamos dizer que os olhos do novo homem são a fé. É através dela que percebemos as realidades invisíveis do reino espiritual.

A LUTA ENTRE A VELHA E NOVA NATUREZA
A velha natureza não deixa de existir quando nos convertemos a Cristo. Ao nascermos de novo, a vida de Deus é liberada em nosso espírito e temos o poder de manter a carne sob domínio. Mas há uma luta constante entre a velha e a nova natureza (Gl 5:17).

1. MANTENDO O VELHO HOMEM NA CRUZ – Aquele que quer seguir a Cristo precisa renunciar a si mesmo e tomar a sua cruz de cada dia (Mt 16:24). Isso implica em manter a velha natureza sem direito, negando-lhe satisfazer as vontades. É uma decisão que tomamos cada dia, cada momento das nossas vidas. Na verdade, só temos o poder de fazer isso a partir do momento em que nascemos de novo. A vida de Deus que é liberada em nós e temos o poder de reinar sobre os desejos da carne. Aquele que não nasceu de novo não tem esse poder e as paixões pecaminosas operam soberanamente em sua vida (Rm 7:9).

2. FORTALECENDO A NOVA NATUREZA – Paulo ordena: “Andai no Espírito e não satisfareis as concupiscências da carne” (Gl 5:16). Portanto, um segredo para mantermos o velho homem fora de ação é investirmos no nosso relacionamento com Deus. Há um pendor da carne e um pendor do Espírito dentro de nós. Precisamos escolher nos inclinar para o Espírito, a fim de que ele tenha controle sobre nossas vidas (Rm 8:5). Na prática, isso consiste em beber todo o tempo das fontes espirituais que nos estão disponíveis.

A Palavra de Deus – A Bíblia é a Palavra de Deus revelada e a base da nossa fé. Se queremos viver no Espírito, precisamos nos alimentar dela todos os dias através da leitura e meditação. Ela é pão para o novo homem (Mt 4:4).

A oração – Através da oração nos comunicamos e cultivamos um relacionamento voluntário com Deus. Por isso a Bíblia nos manda orar sem cessar (I Ts 5:17). Isso quer dizer que precisamos de uma vida de oração abundante para andarmos em vitória.

O jejum – O jejum deve ser uma prática constante na vida do crente. Jesus o usou (Mt 4:2) e falou dele como algo que deveria ser comum para nós (Mt 6:16). Através do jejum agredimos a nossa carne e a reduzimos à servidão (I Co 9:25-27), enquanto liberamos o espírito.

A comunhão - Somos fortalecidos na fé à medida que nos relacionamos com pessoas espirituais. Aquilo que ouvimos pode alimentar o nosso espírito ou a nossa carne. Portanto, é fundamental desenvolvermos a comunhão com os nossos irmãos (I Jo 4:12), a fim de recebermos suporte, proteção e encorajamento para nossa vida espiritual.

A adoração – Através da adoração nós agradamos a Deus, mas também fortalecemos o nosso espírito. Quando liberamos a adoração estamos fazendo um exercício puramente espiritual, pois a carne não pode e não sabe adorar. Assim, nosso homem interior é fortalecido, pois a adoração atrai a presença de Deus e libera o poder do Espírito Santo sobre nossas vidas (Ef 5:18,19).

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